domingo, 24 de abril de 2011

Amadurecendo

       Esses dias sem escrever me fez pensar tantas coisas...Tava com a cabeça tão agitada, cuidando da casa, filho, marido... Cuidando de aprender o tal Alemão, que me persegue aonde quer que eu vá!Mas está sendo legal, tenho me sentido mais segura aprendendo melhor a lidar com a minha vida aqui.É tudo tão diferente, as pessoas são diferentes, a cultura, a educação. Aprender a se moldar a tudo isso sem perder minha essência é um desafio diário.
Há dias que me sinto tão sozinha.Sem amigos para jogar conversa fora...rir de bobagens do passado, falar sobre nossos projectos futuros...Fazer coisas que verdadeiros amigos fazem,se divertem juntos!É difícil, mas é uma adaptação que preciso passar. Não, não a de se sentir sozinha... mas a de fazer novas amizades. Mas sei que não serão iguais as minha parceiras do Brasil de longas datas, já estamos juntos à muitos carnavais!Engraçado,semana passada na minha consulta a psicóloga conversamos a respeito de como eu me via hoje, depois de tudo que passei, dos altos de baixos e quanto tudo isso fez com que eu amadurecesse e me fortalecesse.É bem visível a mudança para mim, eu me sinto uma guerreira, uma vencedora de ter dado a volta por cima, de ter ressurgido do fundo do poço(onde eu ironicamente imaginei está).
 O resultado de tudo vivido, foi uma experiência adquirida precocemente. Sofrer faz com que valores sejam firmados, faz com que tenhamos mais força e confiança em si mesmo e em Deus. Sofrer aumenta nossa fé.Nos fortalece. Mas quem é que gosta de sofrer né?
Hoje eu só tenho a agradecer por tudo que vivi, por tudo que passei.... Pelo presente que recebi,por todos os questionamentos que me fiz... quantas vezes chorei, pedindo respostas pelo “porque” de  tudo ter saido diferente do que eu sempre sonhei.Eu não tinha idéia que a chegada do Pedro em minha vida faria de mim uma pessoa mais humana, mas compreensiva e mais,hoje uma mulher feliz, completa e realizada.Que não dejesa outra vida para si.
Hoje eu encaro isso com um olhar tão  diferente, com um olhar menos preconceituoso e intolerante.
Aprendi com o passar dos meses a esperar o tempo dele como algo comum, pois aprendi que cada criança independente de qualquer coisa, tem o SEU TEMPO.
Entender isso não foi tão simples... Mas eu superei essa minha ansiedade.
Parei de compara-lo a outras crianças, a querer que ele faça coisas iguais a elas... Como era injusto isso... né?
Dessa forma acabamos por esquecer suas reais capacidades, suas reais conquistas, que podem até parecer pequenas para algumas pessoas, mas para nós, não, elas valem ouro.
O Pedro ainda não está andando, mais isso não me incomoda nem um pouco nem me deixa mais apreensiva quando as pessoas perguntam : - Ele já está andando?*. é a pergunta que mais tenho escutando ultimamente... mais sinceramente não me intimida nem um pouco dizer que “Ainda não!, mas ele chega lá.” Essa confiança é que tranquiliza. A Neila(minha psicologa) me ajudou bastante nesse processo,ao contrario do que eu achava, a terapia é muito eficaz.Alguém preparada profissionalmente para ajudar uma pessoa fragilizada. O que eu escuto no consultorio não são teorias de faculdade, são lições de vida, amadurecimento de alguém que já passou por tanta coisa...
Naquela sala eu poderia falar tudo que sentia e pensava, sem me preocupar se estava  sendo julgada ou não...
Me lembro das primeiras terapias e de como eu estava frágil e sem rumo, entre choros e desabafos disse diversas vezes que não saberia superar isso, era demais para mim aceitar que meu príncipe(assim chamado desde a barriga) não fosse assim como eu sonhei.
Que eu o amava acima de tudo, mais sempre ao olhar para ele, imaginava um futuro frustado.Sem pespectiva alguma.
Como eu era ignorante!!!!Ela sempre me disse que o tempo e o Pedro me fariam ver o quanto eu estava enganada...
Um tempo depois eu pensei na possibilidade de conhecer outras mães de crianças portadoras da sindrome de down atraves do Orkut , queria conhecer mais sobre elas, saber mas a respeito das suas capacidades... E foi assim que entrei nesse mundo.Nem sei como encontrei a primeira mãe, passei 2 semanas olhando suas fotos, um album lindo que estava liberado, “Marcelo com um aninho”.
Eu fiquei com vergonha de adiciona-la e pedir ajuda, conselhos, dizer o quanto eu estava aflita, enfim... de como aquilo era tão novo para mim! Um dia eu tomei coragem e deixei um recado para ela me apresentando e pedindo um apoio, logo tive uma resposta bastante acolhedora e foi com ela que descobrir diversas coisas... Foi com ela que tirei milhões de dúvidas e recebi conselhos. Nos tornamos amigas, e até hoje temos contato, apesar da rotina do nosso dia-a-dia ter nos afastado um pouco. Mas sabemos que podemos contar sempre!!Ela se chama Alice a mãe do Marcelo!!
E isso foi só um empurrão... entrei  em comunidades,sites, procurava livros, textos, histórias reais... Casos de pessoas portadoras da SD que conseguiram superar suas dificuldades e venceram.
Apesar de já esta super amiga dessa alteração genética, nunca gostei de por esse rotúlo no Pedro,  “SINDROME DE DOWN”, eu pretendo fazer com que ele se sinta uma pessoa “normal”, não um ser especial e diferente de outro planeta, entende? Porque eu penso que se houver diferença em sua cabeça ele sempre vai se sentir “diferente” e dessa forma pode não se sentir capaz de fazer tudo o que os outros são capazes. Quero que ele acredite que ele é capaz de qualquer coisa que queira de verdade. A SD precisa ser vista como um jeito de ser, infelizmente falta muito para isso.
No dia internacional da SD, eu comentei com o professor do curso que aquele era o dia 21/3 que comemorava a data. Ele disse que não sabia, e perguntou porque me interessava este dia! E eu com um sorriso no rosto, respondi: “Weil mein sohn hat down symdrome!!”(Porque meu filho tem sindrome de down!) Ele fez uma cara assustada como se eu tivesse dito, eu tenho um ET em casa kkkkk  Engraçada a quantidade de gente que ainda vê isso como um desastre familiar. Ele disse; Stimmt?(verdade?)  
Eu disse:Ja! Er ist 1 jahr und ist ein perfect  Junge! (SIM! Ele tem 1 aninho e é um menino perfeito.) Cheiaaaaaa de orgulhoso.
Um colega do curso ao vê a foto do Pedro disse que eu não deveria dizer as pessoas que ele é “assim” porque não dá para perceber... já se viu?
 Eu respondi que isso não é vergonha e que se eu não vejo como algo comum, como eu vou querer que os outros o enxergue assim?
Para minha surpresa muitos não sabiam o que era SINDROME DE DOWN – DOWN SYNDROME – DOWN SYNDROM -  esses termos não lhes diziam nada... bando de povo aluado heim?
E não foi por falta de compreensão da palavra, porque o professor explicou o que era e mesmo assim nunca ouviram falar...
Então é isso... Tô com sonooo misturei tanta história, fiz uma bagunça no texto.... mais escrever é sempre bom e prazeroso para mim! Desculpem a confusão! rsrs

Grande beijoooo


Carolina Schönauer

Um comentário:

Cristina disse...

Prima,
Como você escreve bem, todas as vezes que leio o teu blog, fico emocionada.Seu filho é lindooooo.
Bjos,
Cris