Faz anos luz
que não consigo vir aqui e escrever, cuspir o que tem dentro do peito, é tanto
sentimento misturado, chego a não saber o que fazer com tanta coisa guardada. Acho
que eu tenho essa mania, de sair guardado no peito, mesmo quando não quero
mais... Guardo pessoas, momentos, dores, sorrisos, lágrimas, palavras. Chega uma
hora que a gente vê que precisa sair desocupando espaços, limpando essa
sujeira, esquecendo sorrisos, deixando para trás pessoas que já nem se lembram
de ti... Que na verdade tem motivos para não está no presente.Talvez essa hora
já tenha chegado faz tempo e eu ainda não tive coragem de pôr no porão o que
deveria está guardado apenas na memória. Tenho saudade de tudo que vivi, como
se pudesse viver de novo, sorrir pelas mesmas coisas, amar as mesmas pessoas,
até mesmo sofrer pelas mesmas coisas... é uma coisa maluca, mas real!
Sinto um
peso enorme por isso, como se carregasse dentro de mim tudo que vivi, e o que
fazer agora com tudo isso? É justo jogar fora? É justo esquecer? Sei lá...
Queria me sentir mais leve, parar de levar tudo à sério. Ter paciência para
esperar a vontade de Deus na minha vida e quanto as conquistas de Peu que me
angustia tanto.
Falta 1 mês para o Pedro completar 3 anos, é bastante tempo, mais sinto como se
tivessemos no primeiro ano de vida, é como nadar,nadar, nadar, olhar para trás
e ver que só se afastou uns 2 metros do barco e que falta muito para chegar à
margem. Sei que não é justo dizer isso, pois ele teve sim um grande “progresso”
durante esse tempo, ele desenvolveu partes específicas durante esse anos, mas,
sua fala não teve inicio ainda... daí vem milhões de dúvidas em relação a isso.
Vem comparação, vem a fustração de está errando, de não saber o que fazer para
mudar isso, se é que existe algo mais a fazer. Levo em consideração todos os
conselhos dados, dos amigos, dos profissionais e parece que nada adianta, nada
trás resultado. Confesso que me sinto cansada, penso que é só o começo e me sinto
mais cansada ainda. Porém, o amor que tenho por ele e a a fé que tenho nele não
me deixam desistir e tentar sempre, sempre, até conseguir. Há dias que eu estou
mais exausta, outros, cheia de energia. Não é fácil agir como fisioterapeuta,
fonodióloga, terapeuta ocupacional, mãe,
mulher, cozinheira, dona de casa, pesquisadora e EU(nos poucos momentos).
Às vezes penso que não foi isso que sonhei para mim, nunca imaginei ter que ser
tão forte e guerreira ao me tornar mãe.
Mas, eu acho
que é assim mesmo, independente do filho ter ou não uma particularidade. Ser
mãe é abrir mão de sua própria vida por seu filho e mesmo assim ao fim de tudo
se sentir completa e realizada por vê que valeu a pena. De alguma forma somos
recompensadas. Sei que há muitas vezes que me sinto desanimada, daí, aqueles
olhinhos que dependem de mim para olhar os caminhos à percorrer, aquele lindo
menino que me abraça quando eu mais preciso de carinho sem que eu precise pedir,
que me diz eu te amo em atitudes... é ele que me dá forças para seguir em
frente e entender que existirá dias assim, mas é preciso levantar a cabeça e
carregar o coração de energia pois a batalha é dura e diária. Eu arrumo força,
e te digo: Não sei como!Enxugo as lágrimas, olho para ele e penso: Amanhã
tentamos de novo meu amor, nós vamos conseguir.Por amor, com amor eu sigo em
frente.Nós seguimos.Tentando. Lutando. Vençendo.
Te amo meu filho!Por você eu faço tudo.