quarta-feira, 27 de junho de 2012

Coisas que vem de dentro

      De vez enquando eu tenho uns pensamentos malucos, penso nas coisas que vivi, penso nos caminhos que poderia "não" ter cruzado. Nas pessoas que magoei, as que me magoaram. Nesse momento eu uso sempre o famoso "e se...", essa frasezinha que fode a gente de vez enquando não é?
O passado não pode ser mudado, não podemos voltar atrás e fazer diferente, seria bom, por diversas coisas que fiz em minha vida, que gostaria não ter feito e outras que deixei de fazer, mas na realidade, não é assim.
Hoje eu pensei no meu "Pai", é estranho chamá-lo assim, quando penso nele, nem sei o que sinto... não tenho lembranças, apenas fotos que me vem a cabeça nesse momento, mas eu tinha 2 ou 3 anos nessas fotos, depois disso, acho que não temos mais nenhuma...
Mas ele não pode me julgar por isso, este sentimento é muito mais culpa dele do que qualquer outra pessoa.
Sabe, depois que o Pedro nasceu eu me tornei mais maleável, me reaproximei do meu pai, o perdoei, eu acho, mas talvez eu ainda tenha uma magoa dele lá do fundo, quando penso que ele me deixou de lado durante muitos anos de minha vida. Talvez nunca seremos mais pai e filha, não sei se dá para "construir" essa relacão após passados 26 anos! Ainda mais eu vivendo tão distante e nos falando com tão pouco frequencia. Eu não tenho raiva dele, ele fez o que quis fazer, o que achou melhor para sua "paz familiar", ele reconhece o erro, mas há erros que são irreparáveis, pois nada que ele faça ou diga irá trazer de volta todos os anos de minha vida sem "ele". É cruel que ele saiba disso, eu nunca o fiz! Mas talvez ele saiba.
Como sempre falo, eu tive um pai de verdade, pai que eu escolhi, desse eu tenho toda lembrança de minha vida, dos carinhos, das noites mal dormidas com minhas doenças, dos castigos, dos passeios nos dias de domingo, das festas de aniversário, da autoridade, do respeito e do amor. Pude ter tudo desse homem,Edvaldo,  que mesmo não sendo meu pai de sangue, me amou(me ama) com toda sinceridade que uma pessoa pode ter! É visto em seus olhos quando ele me olha, todo amor que ele senti por mim, amor que eu nunca vi nos olhos de meu pai de sangue. Ele preencheu todas as lacunas da ausência desse homem. Eu tenho muito amor e respeito por ele. Sim, alguns que adoram julgar as pessoas pelo que ela fez de ruim, dizem que ele não é meu pai, que não agiu certo com minha mãe, que a fez sofrer ou coisas do tipo. Mas eu, eu o julgo pelo que ele foi para mim, e ele sempre foi um um pai exemplar e amoroso. Sempre deu o melhor de si em todos momentos. Mas as pessoas não lembram disso, elas não viveram isso. Só quem sabe somos nós os momentos maravilhosos que passamos juntos. Foram bons anos de minha vida. Penso no que seria de mim sem tudo isso. Lógico que minha mãe sempre foi maravilhosa, carinhosa, atenciosa e sempre fez tudo por nós. Mas a presença de um pai na vida de uma criança ou adolescente faz muita diferença.
Hoje eu tô com muita saudade do meu painho e da minha mãezinha, daquele abraço que só eles sabem dá... e toda força que isso me passa!
E se eles pudessem está ao meu lado....
E se eu pudesse está mais ao lado deles...
E se eu...


E se... Parar de nostalgia e ir dormir? puft!

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Juntos, somos um só!

     Chegamos no hospital na noite da segunda-feira, 4 de janeiro de 2010, era inverno, toda cidade estava coberta de neve, sentia fortes contrações, lá constataram 3cm de dilatação, faltava muito tempo ainda, como morávamos perto do hospital, preferimos ir de volta para casa e esperar as contrações de 5 em 5 minutos, não estava na hora, o Pedro queria nascer em meio as 36 semanas e 6 dias, mas a médica não viu problemas. Foi uma noite terrível de dores, não conseguia dormir, era da banheira para cama, da cama para o banheiro. Estava super nervosa, afinal, estava cada vez mais próximo de conhecer meu filho. Meu príncipe Pedro Lucas.
Pela manhã, 5 de janeiro de 2010, eram por volta das 6:30, estava em trabalho de parto,porém só  estava com 4 cm. Tanto tempo... e nada! A ansiedade me consumia e o cansaço também!
Passei o dia todo na mesma, contrações foram aumentando a medida que a dilatação aumentava.
Estava complicado, eu estava sofrendo muito, mas eles achavam que estava tudo sob controle, e decidiram esperar um pouco mais... (que pouco heim?).
Já eram 22:00h da noite, quando decidiram me dar a peridural, conseguir dormir umas horas, quando acordei estava com fortes contrações, parecia que estava chegando mesmo a hora de vê o meu príncipe nos braços... mas... ainda demorou bastante.
Enfim as dilatações evoluiram para 8cm com a indução do parto tudo ficou mais rápido e mais difícil para mim... as dores que já eram  fortes, ficaram insuportáveis... ao menos as coisas estavam andando... faltava pouquissimo para o momento.
Eram 04:04 da quarta-feira, 6 de janeiro de 2010, quando escutei aquele choro forte, e tive em meus braços a joía mais preciosa da minha vida, eu chorava, agora de emoção, a dor passara como se ele fosse o meu rémedio.
Nada pode se comparar àquele instante, para mim é único.Tudo valeu a pena, para tê-lo enfim acalentado em meu colo. Já se passaram 2 anos e 5 meses desde esse dias e eu ainda consigo sentir meu coração bater acalerando lembrando desse momento. A gente juntinho, ainda entrelaçados pelo cordão umbilical, mas mesmo depois dele ter sido cortado, nosso laço não se desfez, todos os momentos que vivemos daquele momento até hoje fez que nosso amor e nossa ligação se fortalecesse cada veze mais. O primeiro momento de difícil que conseguimos superar juntos, foi minha aceitação sobre a síndrome de down, juntos chorei dias e noites durante muito tempo, mais nunca o rejeitando, rejeitando sim, a situação. Foi difícil, mas a cada sorriso e cada progresso o preconceito se destruia e dava espaço a compreensação. Meu filho poderia não ser igual mentalmente ou fisicamente as outras crianças mas isso não faria dele menos filho ou menos amado.
Conseguir superar essa étapa e me preparar para a mais difícil: A CIRURGIA!
5 meses depois, o Pedro foi operado, ocorreu tudo bem e minha mãezinha veio do Brasil para cá para me  dá apoio, para ser minhas pernas e braços (e também coração) naquele momento tão difícil em minha vida. Sem aquela força todos os dias dela e do meu marido, não sei o que seria de mim!
Superamos cada obstáculo com uma força fora do comum, principalmente do Pedro que surpreendeu todos, com sua recuperação fantástica.
E depois disso tudo foi evoluindo normalmente, seu desenvolvimento melhorou, ele foi crescendo, pegando peso, em maio de 2011, com 1 ano e 4 meses começou a dá seus primeiro passos, hoje junho de 2012 ele já corre tudo e está bem inteligente, ainda não fala nada, só baubucia muito e vez ou outra repete uma palavra. Mas logo ele está vencendo essa étapa, assim como todas outras.
Porque esse aí é brasileiro(50%) e não desiste nunca! rsrsr
Começou a ir a uma creche muito legal, onde ele está aprendendo muito com a convivência com as outras crianças, todos o aceitaram de braços abertas lá e estão dando muito apoio para ele. Estou bem satisfeita, ele está realmente amando. E mostrando progresso!
Então é isso gente, espero que tenha conseguindo expressar o verdadeiro sentimento que tenho por tudo isso que vivemos e por ele, que é simplesmente tudo em minha vida. A razão pela qual eu me fortaleci como pessoa, que eu cresci como mamãe, que eu me tornei uma guerreira, que luta sempre ao lado dele. Unidos, vamos vencer todos os obstáculos que aparecerem em nosso caminho, disso eu tenho absoluta certeza!