quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Uma realidade bem diferente

Sempre antes de dormir, eu fico pensando um monte de coisa... sabe como é? Muitas vezes, coisas sem sentindo, parece que quando eu deito minha cabeça no travesseiro, ativa o botão de pensar!
As vezes eu penso umas coisas legais, começo a elaborar um texto mentalmente, mas a preguiça para levantar para ir postar é demais... não dááá. Depois de um dia cansativo, a hora de descançar é sagrada.
Daí eu falo para mim mesma; -Amanhã assim que acordar eu vou escrever isto... ao acordar cadê que as palavras saem tão bonitas quanto na noite passada? Cheguei a conclusão que penso mais com sono. hehehe
Agora tô com sono, mais ainda nao tô deitada. Vamos vê...
Algumas pessoas elogiam meus textos, confesso que fico lisonjeada, é bom saber que sirvo de instrumento para  ajudar e até mesmo dá à algumas pessoas palavras de conforto. Eu sempre gostei de escrever ou copiar textos sobre o amor. Parece que mudei de gênero. Mas na verdade não,  hoje falo de um amor diferente, um amor que tomou conta de todo meu coração, o amor de mãe para com seu filho. Hoje eu me sinto muito mais sensivel a este tipo de amor. Eu sempre amei minha mãe acima de tudo, de qualquer defeito, de qualquer erro. Mas está no lugar de uma mãe é bem diferente.

Sabe que eu não imagina o quanto era importante para minha Mãe, até ter o Pedro.
O zelo, o cuidado, o carinho, o AMOR de MÃE... Tudo isso, você só entende quando vive.
Eu não entendia porque minha mãe ficava sem dormir quando eu estava doente, ou quando eu chorava por um amor  não correspondido, ou não entendia a dor de minha mãe viver longe de mim, quando eu tomei a decisão de me casar e ir morar em outro pais... a milhões de distancia dela... Hoje eu sei dessa dor, pois nem imagino viver longe do meu pedaçinho Céu.
Mas Deus me colocou neste caminho, tantas coisas aconteceram para que eu parasse aki nesta suiça.Que vocês nem imaginam...Foi tudo tão rápido. Parece que estava realmente escrito que tudo precisaria ser assim.
Pedro está tendo melhoras a cada dia que passa, o observo nos minimos detalhes, não quero perder nem um momento, não posso perder nenhuma conquista! Meu filho está desabrochando, e fico muito feliz de está ajudando-o para isso. Outro dia conversando com uma amiga falamos a respeito de como nos sentimos em relação a sindrome de down dos nossos filhos. Eu gosto de saber dos sentimentos delas, que algumas vezes é bem parecido com o meu.Então, ela me disse o seguinte, vou tenta lembrar exatamente...
"Ás vezes Carol, eu nem me lembro que ele tem alguma deficiencia, pois ele é tão normal, faz tudo... é tão esperto!! Mas as vezes ainda doí, imagino se ele não tivesse nascido com down, será que seria diferente?será que ele será sempre dependente de mim? Será que o amaria tanto assim? Ainda doi, talvez essa dor não acabe nunca, só nos conformamos, amamos eles do jeito que eles são.... Mas acho que aceitar,aceitar mesmo... nunca!"
Eu entendo perfeitamente essa dor, mas discordo que nunca aceitaremos. Sim! aceitaremos SIM! Pode não SER agora, nem daqui 1 ano, mas o dia em que nem lembraremos que eles nasceram com essa alteração genética, chegará!!! Sabe porque? Porque o amor que sentimos é tão maior que tudo isso, que vamos e convenhamos, nem é esse "tudo isso" que fantasiavamos.
No inicio, eu sei que ficamos assustadas, lógico, não entendemos a respeito, e temos aquela imagem preconceituosa de uma criança deficiente, incapaz. Quando convivemos com os nossos filhos, vemos que eles são tão diferentes(do que haviamos imaginado). Cada dia que passa eu me sinto mais confortável com a essa situação. Me sinto mais feliz com ele. E aquele vazio de não ter ganhado o filho perfeito como eu gostaria, vai dando espaço para um orgulho de ter tido esse privilegio de ser Mãe de uma criança tão especial e Perfeita! Perfeita sim! Porque Não? Se você ainda não descobriu... Vai chegar sua vez!!!!







segunda-feira, 18 de outubro de 2010

“Se me perguntassem o que mais desejo na vida, não saberia responder. Quero tudo. Mas esse tudo é tão grande, tão vago, que me sinto estonteado. É preciso ir limitando meu sonho, apagando as linhas supérfluas, corrigindo as arestas, até restar somente o centro, o âmago, a essência”.
 Caio Fernando Abreu


domingo, 10 de outubro de 2010

O melhor

“Como tornar acessível aquilo que está dentro do coração? Como achar a frase certa? É um desespero não descobrir a combinação precisa de palavras. Mas por favor entenda: o que sinto é indescritível”.
 Chico Luz

     Eu tenho vindo aqui várias vezes, tentando passar para essa página do Word o que eu sinto e tenho sentido. Confesso que aquela angustia que se fixou em mim tem se desprendido, ainda bem, pois não agüentava mais aquele coração apertado. E aquela sensação que tudo não anda bem. Essa semana tivemos no instituto onde o Pedro fará a estimulação. Primeiro foi feito um série de testes com ele. Um processo, que vou te falar super chato e demorado, mas tudo bem!
Nessa semana fomos para conversar a respeito do desenvolvimento de Pedro, o que está bom e onde está a sua maior dificuldade. Foi analisado o desenvolvimento físico dele que está muito bom. O desenvolvimento de visão e motricidade fina(psicomotor) que também está na média. O desenvolvimento de audição e linguagem deu super baixo, ele escuta bem, disso não tenho dúvidas, mas percebemos que ele muitas vezes fixa o olhar em algo e parece que nada importa quando está interessado em uma imagem ou situação. Isso pode ser uma coisa boa e ao mesmo tempo ruim. Boa, pois ele conseguirá se concentrar em algo com facilidade, sendo assim poderá aprender as coisas mais facilmente. Ruim, fixando-se em algo apenas, não conseguirá interagir com mais nada. No momento isso não é importante para ele, mas com o passar os meses ele precisa aprender a usar isso melhor!
O desenvolvimento emocional também está um pouco atrasado. Ele não demonstra(ainda) suas emoções, como medo, raiva, nojo, essa coisas. Para ele isso ainda não foi definido.
Mas nada para nos preocupar, esse teste foi feito apenas para saber  onde eles precisam fixar melhor a atenção. Eu fiquei um pouco nervosa quando ela nos explicou, eu sempre soube que ele teria um atraso no seu desenvolvimento, mas eu fiquei achando que ela estaria querendo nos dizer que ele não escutava 100% ou que não estava desenvolvendo essa parte. Mas depois ela nos explicou que era natural que ele tivesse este atraso mais visível pois é o desenvolvimento mas afetado. Mas que ele estava muito bem em geral, ele é muito motivado, esforçado, ativo e muito alegre. Isso era importante para que as conquistas surgissem com mais facilidade, ela nos disse que grande maioria das crianças com hipotonia são bem preguiçosas e desestimuladas pelo grande esforço que precisam fazer para se movimentar e brincar. Mas o Pedro está muito bem e bem na frente de muitas crianças(down), digamos que para  uma crianças de 9 meses ele tem um desenvolvimento de uma criança de 7 meses (down). É bom salientar “down”, pois todos nós sabemos que o desenvolvimento é mais lento!
Então, até para mim mesma preciso frisar isso, pois sempre fiquei comparando o Pedro com outras crianças. Como meu sobrinho, a filha da Natalia, da Isis, todas as minhas amigas que tiveram seus filhos na mesma época, sendo assim já estão na frente do Pedro, eu parei de fazer comparações, isso estava sendo um veneno para mim. Nós não devemos comparar ninguém. Cada pessoa tem seu diferencial, afinal nós não somos todos iguais somos? Principalmente crianças, que tem um desenvolvimento bem particular, independente de síndrome ou não.
Fazendo isso, eu acabei prestando mais atenção no meu pequeno, e percebi mais ainda, o quanto ele é esforçado para fazer as coisas que ainda não consegue, mas uma hora ele irá alcançar. Cada dia que passa as conquistas vão sendo mais valorizadas. E assim vou me sentindo cada vez mais tranqüila e segura de que ele será uma criança como qualquer outra, com suas particularidades como qualquer uma.
Eu preciso dizer que o futuro, esse ainda me angustia, quando penso que meu filho poderá ser uma eterna criança, como muitos falam. Talvez o problema não estejam nos pais, que tratam seu filho eternamente como uma criança, não dando-lhe oportunidade para amadurecer?
É talvez o problema esteja justamente ai mesmo. A super proteção e falta de credibilidade em seus filhos muitas vezes não deixa que eles se tornem adultos e independentes. Eu não cometerei este erro, pois desde já acredito que Pedro é capaz e aprender tudo, mesmo que eu precise repetir e repetir várias vezes para que ele assimile, mas ele aprenderá. Isso que  é importante. Aceitando essas diferenças e dificuldades, percebo o quanto tenho amadurecido com isso. Aprendi que não temos o controle de  nossas vidas, quando pensamos que temos, vem Deus e nos mostra que NEM TUDO É COMO QUEREMOS.
E vemos que é ele que controla nosso caminho, sempre para nosso amadurecimento pessoal e emocional, sempre para nossa felicidade. Muitas vezes não entendemos, mas no final, ou até mesmo no meio do caminho, iremos agradecer a Deus por ter nos dado tal presente ou benção.Agradeceremos por ele ter nos conduzido para um caminho melhor.Por ter nos tornado uma pessoa melhor!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Eu sei tudo isso

“Eu sei como é se segurar e deixar para chorar só quando ligar o chuveiro, assim ninguém percebe. Eu sei como é refletir sobre a vida antes de dormir e se certificar de que ninguém está ouvindo para começar a soluçar. Eu sei como é sofrer tão dolorosamente que as vezes você precisa fingir que vai ao banheiro, ou beber água, apenas para lavar o rosto e se recompor. Eu sei como é ter os olhos úmidos e aquele medo de que não seja forte o suficiente para segurar as lágrimas quando está em público. Eu sei como é sentir aquele nó enorme na garganta, que te sufoca, até que você cede e chora. Eu sei como é sentar na cama, pegar o travesseiro e chorar tanto, mas tanto, que se surpreende com o rio que terá que esconder da sua família. Acredite, eu sei como é tudo isso…”